Redação MotoX.com.br - Lucídio Arruda e Maurício Arruda - Fotos: Lucídio Arruda
Entre as principais fabricantes de motocicletas off-road,a espanhola Gas Gas é uma das mais jovens. Eu diria até que está entrando na adolescência.
A história da companhia começou em 1974 quando foi fundada como revendedora de motocicletas e acessórios especializada em Trial. A decisão de criar as próprias motocicletas foi tomada pelos sócios Narcís Casas e Josep Pibernat uma década depois.
O primeiro modelo, de Trial, surgiu em 1985 num lote de apenas 200 unidades. O sucesso do lançamento levou a fábrica a expandir a produção e ampliar seus horizontes oferecendo também modelos de Enduro e Quadriciclos.
Vinte e cinco anos depois a marca chega à maturidade fortemente ligada às suas raízes, operando exclusivamente no mercado off-road. Experimentamos em Mogi das Cruzes, no ASW Off-Road Park, os modelos EC 250 e 300 2011 com motores 2 tempos.
Embora praticamente abandonados pelos fabricantes orientais, os motores 2 tempos - dos quais somos fãs declarados - continuam em alta entre as marcas europeias e com suas qualidades originais preservadas. Não fosse a "traição" das mudanças nos regulamentos do Motocross ele ainda estaria presente em grande número nas competições profissionais da modalidade. Infelizmente a extinção das 2 tempos também já tem data marcada no Mundial de Motovelocidade: em 2012 a categoria 125 dará lugar à 250 4T monocilíndrica.
Entretanto nas provas de Enduro e Cross Country a história é outra. A leveza, agilidade e baixo custo - sem contar a excelente potência específica - continuam com a preferência de boa parte dos pilotos, profissionais e amadores, que ainda levam de brinde a facilidade de manutenção.
Visualmente os espanhóis encontraram uma identidade bastante própria no modelo. Combinando branco, vermelho e preto o design agradou, extraindo sempre opiniões positivas de quem estava presente no circuito. É claro que gosto é uma questão muito pessoal, mas as fotos estão aí para você mesmo tirar suas conclusões.
Ao vivo a boa qualidade do kit de plásticos e do acabamento geral chama a atenção. Não economizaram nos adesivos, com ótima aparência e que prometem durar mais que a média da concorrência. Um ponto interessante e que demonstra o cuidado com os detalhes é o plástico protetor do quadro na região da bota do piloto.
Balança traseira, cubos de roda em preto fosco, além do garfo dianteiro e aros também pretos completam o visual com um toque de agressividade.
A Gas Gas continua desenvolvendo internamente seus motores 2 tempos. Os modelos inicialmente importados para a temporada 2011 são da versão Cross Country. Ela perde o hodômetro e a minúscula lanterna traseira da versão de enduro. Em compensação temos à disposição o motor - cuja a admissão é diretamente no cárter - com um acerto mais "racing" e as excelentes suspensões com garfo Marzocchi na frente e o amortecedor Ohlins traseiro.
Assim como a austríaca KTM, os espanhóis ainda dão preferência ao cromo-molibdênio na construção do quadro. A particularidade neste caso é a trave superior dupla que envolve o reservatório de combustível e o uso de tubos de seção "B". As peças e componentes são exatamente os mesmos tanto na 250cc como na 300cc. As únicas exceções são o cilindro, cabeçote e kit de pistão responsáveis pela diferença volumétrica entre as duas versões.
Dos componentes que não são feitos nas instalações espanholas, a Gas Gas procurou o melhor disponível ao redor do Mundo. Além das já citadas suspensões fornecidas pela italiana Marzocchi e a sueca Ohlins, temos aros japoneses Takasago Excel, freios também japoneses Nissin, silenciador de escape norte-americano FMF e comandos italianos Domino com acionamento hidráulico da embreagem. As válvulas de admissão de palhetas são também norte-americanas da V-Force.
A 250cc estava equipada com a partida elétrica opcional.
O primeiro modelo escolhido para rodar foi o equipado com motor 250cc. Logo ao ligar percebemos que o mesmo tem um acerto nervoso, bem ao nosso gosto. A motocicleta ronca forte e agudo em altas rotações, lembrando até mesmo o som de uma 125.
Nosso primeiro destino é a pista de motocross, que embora não seja o objetivo principal da motocicleta, nos dá a ideia de como ela se comporta nas especiais de enduro e "sprints" do cross country.
Já nos primeiros obstáculos me sinto à vontade com a ergonomia. Percebo também que o motor é bem esperto, mas não estúpido. Tem uma força razoável em baixa, ganha um bom vigor em média e deslancha todo o seu potencial nos altos giros. Entretanto a transição entre as faixas de rotações é suave e linear, deixando o piloto com completo domínio da situação.
As suspensões não reclamaram do Motocross, na verdade só um pouquinho nos saltos mais altos, mas bastam alguns ajustes nos cliques
para encontrar a solução.
Conforme aperto o ritmo, vou ganhando mais confiança na excelente ciclística e as voltas com a Gas Gas passam a ser pura diversão. A 250 2T é rápida sem ser tão exigente fisicamente com o piloto como seria uma 450 4T. A leveza e obediência nas entradas e saídas de curvas permitem rodar mais relaxado e consequentemente chegar ao final de uma bateria mais inteiro.
O único fator limitador no desempenho foi o pneu traseiro original Metzeler com cravos mais baixos, no padrão ecológico FIM para os Enduros na Europa e no Mundial. Ele perde bastante tração nas retomadas. O ponto positivo é que as escorregadas são progressivas e previsíveis sem pregar peças no piloto.
Na trilha - no meio do mato a EC250 mostrou as mesmas qualidades da pista. Leveza, agilidade nos trechos travados e bom desempenho onde se permitiu acelerar. Apesar da boa força em baixas rotações, não chega a ser um motor que gosta de rodar na marcha lenta. Neste ponto o macio comando hidráulico da embreagem cumpre seu papel facilitando o trabalho do piloto.
Como uma marca que tem o Trial em seu DNA, a Gas Gas manteve em sua endureira a boa disposição para escalar barrancos e pedras.
Como anda a 300
E qual a diferença que 50 centímetros cúbicos adicionais fazem? Como já dissemos acima, as únicas alterações mecânicas foram na parte superior do motor para receber um pistão de diâmetro maior.
Com a modificação o ciclo do motor passou a ser o chamado "quadrado", quando o curso do pistão coincide exatamente com seu diâmetro. Esta relação teoricamente proporciona o melhor equilíbrio entre torque e potência.
Herdando as qualidades da irmã menor, a EC 300 apresenta um ganho de potência sutil em altas rotações.
A principal diferença é sentida em baixos giros com o motor mais presente desde o menor volta do acelerador.
É este modelo (na versão 2010) que Felipe Zanol utilizou na conquista do Título Brasileiro de Enduro. E, ao gosto do piloto, o acerto foi feito para entregar ainda mais agressividade em médios e altos giros. O senão fica para a vibração, sensivelmente maior neste modelo.
O preço sugerido das motocicletas é de R$ 27.950 para a EC 250 e R$ 30.950 para a EC 300. O kit de partida elétrica ainda não tinha seu preço definido, mas segundo as estimativas iniciais seu valor deve ficar ao redor dos R$ 2.000. Atualmente a marca tem 21 concessionários autorizados no Brasil.
Um comentário:
Essas Gas Gas são demais , não tem nada que segura isso na trilhaaaaaa issooo vouaaaaaa galeraaaaa!!!!!!!
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